Como lidar com a pichação que desvaloriza nossos imóveis e diminui a qualidade de vida de nossas cidades? Curitiba encontrou uma nova maneira de enfrentar o problema. Ao invés de chamar a polícia, de perseguir um inimigo sorrateiro ou gastar muito com tinta e pintor, a nova proposta parte da idéia central de que pichação se elimina do mesmo modo que o pichador, ou seja, com tinta. Mas restos de tinta, coletados pela comunidade e colocados ã disposição de quem sofreu tal tipo de vandalismo.
Lançada pela Associação dos Condomínios do Brasil (por nós presidida), a Campanha de Combate à Pichação pretende atingir inicialmente um bairro de Curitiba, o Boqueirão, não por ser o mais pichado, mas por tem uma população bem identificada com os problemas locais, devendo ser ampliada a outros bairros da cidade e a outras cidades do Paraná ou do Brasil. Qualquer pessoa ou entidade pode iniciar sua própria campanha.
Como funciona
De um folheto que está sendo distribuído aos moradores do bairro, colhemos as seguintes informações a respeito da Campanha de Combate à Pichação:
* O objetivo principal não é acabar com a pichação (nem as legiões romanas conseguiram isso),mas reduzir a poluição visual da cidade. Cada muro recuperado será uma vitória.
* Para combater a pichação usaremos o mesmo instrumento dos pichadores: TINTA! Mas não repintaremos todos os muros e fachadas. Apenas cobriremos os rabiscos, utilizando o mínimo de tinta possível.
* Para reverter a equação econômica do problema, tornando a pichação menos onerosa que a limpeza, utilizaremos sobras de tinta e tinta vencida, misturando-as em um tambor coletivo. A tinta resultante, de cor cinza, é ideal para cobrir qualquer tipo de pichação.
* Haverá inicialmente um ponto de coleta de tinta (Posto do Alemão) , onde quem foi vítima poderá obter tinta e material de pintura (pincel, rolo) sem nenhum ônus. É importante não gastar dinheiro novo na aquisição de tinta e pincéis.
* A chave do sucesso está na rapidez da resposta. Devemos procurar cobrir a pichação, se possível, na manhã seguinte ao ato do pichador, para que ninguém veja o que foi rabiscado.
* A persistência na destruição sistemática das pichações também é fundamental. Não basta uma vez. É preciso borrar sempre o que o pichador fez. Utilizando tinta gratuita e a própria mão-de-obra, o custo será praticamente zero.
Como participar
Os organizadores da Campanha de Combate à Pichação sugerem que o ponto de coleta e distribuição de tinta e material de pintura seja um posto de gasolina, tendo em vista que toda tinta é tóxica e inflamável. Além disso, fica mais fácil levar as latas de tinta, dado o seu peso.
É preciso adquirir um ou dois tambores, para num serem despejadas as tintas do tipo látex e no outro, as tintas à base de óleo. Em Curitiba, a Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil também colocou à disposição um veículo para auxiliar na coleta de tinta, já tendo recebido vários lotes de empresas de construção, imobiliárias e revendedores de tinta, além da participação de pessoas da comunidade que vão ao posto levar a sua contribuição.
Maiores informações sobre a Campanha podem ser obtidas junto à Associação, pelo telefone (41) 223-7708 ou pelo e-mail acgb@onda.com.br.
E, então? Vamos “despichar” o Brasil?
Luiz Fernando de Queiroz é autor do TPD-Direito Imobiliário e do Guia do Condomínio IOB, fone (41) 224-2709 e fax (41) 224-1156.